14/07/2009

A Psicologia do Idoso



"Do que tiveres do pomar plantado apanha
os frutos e recolhe as flores;
Mas lavra ainda a planta do teu eirado,
que outros virão colher quando te fores. "


(Envelhecer - Bastos Tigre)
De uma feita que a velhice é considerada como a última etapa da vida, torna-se mais freqüente o pensar sobre a morte e sobretudo sobre o que vem depois da morte. Esta questão mereceria uma reflexão à parte. Não podemos esgotá-la nos limites deste trabalho.
Se a morte parecia uma questão longínqua, pouco pensada, não apenas as limitações pessoais progressivas, como as mortes circundantes tornando-se mais freqüentes: dos pais, dos parentes e amigos. Forçosamente pensa-se no assunto.
Costuma-se dizer que o idoso terá sua velhice como conseqüência do que foi sua vida até ali. A personalidade é uma construção. Ninguém é o que é por acaso. É fruto da maneira como viveu cada uma das etapas da vida, dos objetos e desejos que cultivou durante a vida. A velhice deve ser compreendida não como uma involução, retrocesso, mas como uma evolução. Alguma coisa que se inscreve no processo de avançar.
Mira y Lopez, em A Arte de Envelhecer assinala quatro maneiras igualmente ineficazes de viver a maturidade:

Agarrar-se ao passado
Negar a velhice
Isolamento
Adotar uma atitude místico-religiosa
Roger Gentis acrescentaria a esta lista outros elementos, centrando, sobretudo na angústia desencadeada pelo comprometimento da imagem de si mesmo "o egoísmo, a voracidade oral (comer em demasia), o charme exibicionista de algumas idosas, a hipocondria de outros que passam o tempo a procurar dor ou doença para correr ao médico. E, mais ao fim da lista, a regressão profunda do demente senil que se refugia em comportamento infantilizado – "voltou a ser menino", como diz o homem da rua..."

É indispensável desenvolver com os idosos todo um projeto de Ecologia de Vida, fazendo-os descobrir que, longe de ser o fim, a velhice deve ser encarada como mais uma etapa da vida, que pode e deve ser vivida plenamente. A confiança e a segurança são fatores decisivos no equilíbrio psíquico do idoso. Que ele possa sentir-se parte integrante de um grupo social sólido e solidário, percebendo-se útil e amado. Uma segurança consolidada num apoio econômico significativo e na liberdade de viver intensamente a aventura de ser maduro.
Texto de: Dr. Antonio Mourão Cavalcante.Professor Titular de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, autor do livro "Casal, como viver um bom desentendimento"(Ed. Record / Rosa dos Tempos – Rio de Janeiro)
Leia o texto na íntegra aqui: http://www.polbr.med.br/arquivo/mour0502.htm